15.5.12

Em defesa do Clube do Remo

Antes de tudo, um recado aos bicolores... primeiramente, gostaria de dizer que fico muito feliz em ver as suas freqüentes manifestações em momentos como este. É nessas horas que vocês se mostram de verdade. É nessas horas que vocês mostram o quanto são hipócritas e o quanto estão e estarão abaixo de nós, ainda que conquistem o mundial de clubes em cima de um Barcelona da vida.

Vocês, que enchem a boca pra falar que são superiores, demonstram que no fundo têm a plena consciência de que não o são ao gastar tanto tempo criticando uma atitude do Clube do Remo que, por mais “baixa” que tenha sido, nem de longe lembra as maracutaias mais “limpas” da história do Paysandu (se é que isso é possível). Entendam de uma vez por todas, ainda que o Remo ganhe um campeonato inteiro roubado, vocês serão os últimos seres na face da Terra a poder reivindicar o direito de sequer pensar em falar alguma coisa, dada a história SUJA que o clube de vocês construiu, tijolo por tijolo.

Agora sim, vamos aos fatos:

Até que ponto um acordo entre clubes pode e deve ser considerado antiético? Por exemplo, até 2001, entre Remo e Paysandu vigorava um acordo de cavalheiros que dizia que nem um nem outro poderia assediar jogadores do rival. Acordo este, quebrado pelo então presidente bicolor, Arthur Tourinho, que, de maneira antiética (sim, porque quem descumpre um acordo bilateral está sendo antiético), contratou o atacante Balão, depois Wélber, e depois alguns outros jogadores provenientes do Clube do Remo. O mesmo Tourinho, que foi acusado pelo ex-presidente bicolor Miguel Alexandre Pinho, de subornar árbitros na Série B do mesmo ano. O mesmo Tourinho que firmou acordo com o Inter-RS em 2004 para, diante de um Mangueirão lotado, desrespeitar seus torcedores, fazendo o seu próprio time “abrir as pernas” em troca de dinheiro para que o clube de Porto Alegre não fosse rebaixado. O mesmo Tourinho, ex-presidente da SUDAM, acusado de desvio de verbas em um esquema bilionário. Vejam bem... acordos estes que estão diretamente relacionados com o que ocorre dentro de campo, que determinam vitórias e derrotas, que influenciam nos resultados das partidas e que, além de antiéticos são criminosos.

A diferença disso para o que foi supostamente “apalavrado” entre Remo e Cametá? Simples, o tal acordo em nada interferiu no que houve dentro de campo, tanto é que o Remo, time com a melhor campanha da competição nos últimos anos (mesmo nas vezes em que não chegou às finais, terminou em primeiro lugar na classificação geral), supostamente o grande beneficiado pelo tal “acordo”, não facilitou as coisas pro Cametá e muito menos teve o seu jogo facilitado pelo adversário. Ambos fizeram duas partidas limpas. Então, o acordo entre Remo e Cametá pode até ser considerado antiético, pois envolvia uma participação na competição nacional, porém é necessário ressaltar alguns pontos, que independem do suposto acordo:

1. O presidente do Cametá, o Sr. Orlando Peixoto, havia afirmado, antes de qualquer coisa, que o clube cametaense não possuía recursos para disputar a competição nacional, ainda que bancadas as passagens aéreas pela CBF. O presidente chegou a esta conclusão depois de fazer um estudo financeiro no clube, inclusive, levando em conta os graves problemas pelos quais passaram São Raimundo e Independente depois de disputarem a Série D em 2009 e 2011, respectivamente, sem ter torcidas grandes o suficiente para bancar seus times na competição, mergulhando em grandes dívidas e, consequentemente, dificuldades de se firmar até no campeonato regional. Isto ocorre por dois motivos básicos: Um, a prefeitura – principal patrocinador do clube – não poderá continuar injetando dinheiro pois 2012 é um ano eleitoral e a oposição está de olho nas contas do município. E dois, o Cametá não poderia jogar no Parque do Bacural (estádio local, interditado) e não possui torcida grande o bastante para cobrir as despesas de aluguel de estádio em outra cidade.

2. Este mesmo acordo, de certa forma, garantiu que as duas partidas da decisão fossem disputadas unicamente dentro de campo, sem influências dos bastidores na partida, uma vez que o acordo em momento algum pressupôs que o time de Cametá fosse “abrir as pernas”, cedendo o campeonato ao Remo. Muito pelo contrário, a divisão da renda só seria vantajosa para o Remo se, independente de quem fosse campeão, este estivesse assegurado no campeonato nacional, permitindo que a final fosse disputada tendo em vista tão somente aquilo que estava em jogo: o campeonato paraense.

Com isso, eu pergunto (e respondo, da forma mais óbvia possível):

O Cametá desistiu da vaga devido ao suposto acordo firmado com o Remo? Provavelmente.
O Cametá desistiu da vaga por falta de recursos financeiros? Com certeza absoluta!
Se não houvesse acordo prévio, o Cametá teria condições de disputar a Série D? Não!
Sem o acordo, o Cametá teria muitas escolhas além da desistência da competição? Não!

Ora! Então, o superestimado (no mau sentido) acordo apenas confirmou uma situação para a qual tudo estava naturalmente se encaminhando. É, portanto, um grande exagero chamar isto de “compra de vaga” ou algo semelhante. O exagero é similar ao de se chamar uma briga entre gangues de terceira guerra mundial!!

Mas, voltando ao suposto acordo... Ok, pode ser considerado antiético. De fato, deve ser considerado antiético. Tão antiético quanto atravessar a rua fora da faixa, e bem distante de atropelar um pedestre na calçada, a 160km/h, dirigindo embriagado. Não vou falar que a atitude da diretoria remista de querer assegurar a vaga foi das mais corretas, mas há um exagero tremendo em se comparar este simples acordo com esquemas de suborno e lavagem de dinheiro. Aqui são, de maneira justa, dois pesos e duas medidas e, repito, ainda que tivesse sido algo realmente sujo, os últimos no mundo a ter autoridade moral pra falar sequer uma vírgula a respeito disto, seriam os torcedores bicolores. Ouso, inclusive, afirmar que esta empreitada em massa dos bicolores pra tentar denegrir a imagem do Clube do Remo não passa de uma tentativa desesperada de justificar as próprias sujeiras que mancham a história do Paysandu, como quem sabe que fez algo errado e, ao menor (sim, BEM menor) deslize do outro, potencializa o erro alheio, como se este fosse, de alguma forma, amenizar os seus próprios erros.