Antes de tudo, um recado aos bicolores... primeiramente,
gostaria de dizer que fico muito feliz em ver as suas freqüentes manifestações
em momentos como este. É nessas horas que vocês se mostram de verdade. É nessas
horas que vocês mostram o quanto são hipócritas e o quanto estão e estarão abaixo
de nós, ainda que conquistem o mundial de clubes em cima de um Barcelona da
vida.
Vocês, que enchem a boca pra falar que são superiores,
demonstram que no fundo têm a plena consciência de que não o são ao gastar
tanto tempo criticando uma atitude do Clube do Remo que, por mais “baixa” que
tenha sido, nem de longe lembra as maracutaias mais “limpas” da história do Paysandu
(se é que isso é possível). Entendam de uma vez por todas, ainda que o Remo ganhe um campeonato
inteiro roubado, vocês serão os últimos seres na face da Terra a poder reivindicar o
direito de sequer pensar em falar alguma coisa, dada a história SUJA que o
clube de vocês construiu, tijolo por tijolo.
Agora sim, vamos aos fatos:
Até que ponto um acordo entre clubes pode e deve ser
considerado antiético? Por exemplo, até 2001, entre Remo e Paysandu vigorava um
acordo de cavalheiros que dizia que nem um nem outro poderia assediar jogadores
do rival. Acordo este, quebrado pelo então presidente bicolor, Arthur Tourinho,
que, de maneira antiética (sim, porque quem descumpre um acordo bilateral está
sendo antiético), contratou o atacante Balão, depois Wélber, e depois alguns outros
jogadores provenientes do Clube do Remo. O mesmo Tourinho, que foi acusado pelo
ex-presidente bicolor Miguel Alexandre Pinho, de subornar árbitros na Série B
do mesmo ano. O mesmo Tourinho que firmou acordo com o Inter-RS em 2004 para,
diante de um Mangueirão lotado, desrespeitar seus torcedores, fazendo o seu próprio time “abrir as pernas” em troca
de dinheiro para que o clube de Porto Alegre não fosse rebaixado. O mesmo
Tourinho, ex-presidente da SUDAM, acusado de desvio de verbas em um esquema bilionário.
Vejam bem... acordos estes que estão diretamente relacionados com o que ocorre
dentro de campo, que determinam vitórias e derrotas, que influenciam nos
resultados das partidas e que, além de antiéticos são criminosos.
A diferença disso para o que foi supostamente “apalavrado”
entre Remo e Cametá? Simples, o tal acordo em nada interferiu no que houve dentro de campo,
tanto é que o Remo, time com a melhor campanha da competição nos últimos anos
(mesmo nas vezes em que não chegou às finais, terminou em primeiro lugar na
classificação geral), supostamente o grande beneficiado pelo tal “acordo”, não
facilitou as coisas pro Cametá e muito menos teve o seu jogo facilitado pelo
adversário. Ambos fizeram duas partidas limpas. Então, o acordo entre Remo e
Cametá pode até ser considerado antiético, pois envolvia uma participação na
competição nacional, porém é necessário ressaltar alguns pontos, que independem
do suposto acordo:
1. O presidente do Cametá, o Sr.
Orlando Peixoto, havia afirmado, antes de qualquer coisa, que o clube
cametaense não possuía recursos para disputar a competição nacional, ainda que
bancadas as passagens aéreas pela CBF. O presidente chegou a esta conclusão
depois de fazer um estudo financeiro no clube, inclusive, levando em conta os
graves problemas pelos quais passaram São Raimundo e Independente depois de
disputarem a Série D em 2009 e 2011, respectivamente, sem ter torcidas grandes
o suficiente para bancar seus times na competição, mergulhando em grandes dívidas e,
consequentemente, dificuldades de se firmar até no campeonato regional. Isto
ocorre por dois motivos básicos: Um, a prefeitura – principal patrocinador do
clube – não poderá continuar injetando dinheiro pois 2012 é um ano eleitoral e
a oposição está de olho nas contas do município. E dois, o Cametá não poderia
jogar no Parque do Bacural (estádio local, interditado) e não possui torcida
grande o bastante para cobrir as despesas de aluguel de estádio em outra
cidade.
2. Este mesmo acordo, de certa
forma, garantiu que as duas partidas da decisão fossem disputadas unicamente
dentro de campo, sem influências dos bastidores na partida, uma vez que o
acordo em momento algum pressupôs que o time de Cametá fosse “abrir as pernas”,
cedendo o campeonato ao Remo. Muito pelo contrário, a divisão da renda só seria
vantajosa para o Remo se, independente de quem fosse campeão, este estivesse assegurado
no campeonato nacional, permitindo que a final fosse disputada tendo em vista tão somente aquilo que estava em jogo: o campeonato paraense.
Com isso, eu pergunto (e respondo, da forma mais óbvia
possível):
O Cametá desistiu da vaga devido ao suposto acordo firmado
com o Remo? Provavelmente.
O Cametá desistiu da vaga por falta de recursos
financeiros? Com certeza absoluta!
Se não houvesse acordo prévio, o Cametá
teria condições de disputar a Série D? Não!
Sem o acordo, o Cametá teria muitas
escolhas além da desistência da competição? Não!
Ora! Então, o superestimado (no mau sentido) acordo apenas
confirmou uma situação para a qual tudo estava naturalmente se encaminhando. É,
portanto, um grande exagero chamar isto de “compra de vaga” ou algo semelhante.
O exagero é similar ao de se chamar uma briga entre gangues de terceira guerra
mundial!!
Mas, voltando ao suposto acordo... Ok, pode ser considerado
antiético. De fato, deve ser considerado antiético. Tão antiético quanto atravessar
a rua fora da faixa, e bem distante de atropelar um pedestre na calçada, a
160km/h, dirigindo embriagado. Não vou falar que a atitude da diretoria remista
de querer assegurar a vaga foi das mais corretas, mas há um exagero tremendo em
se comparar este simples acordo com esquemas de suborno e lavagem de dinheiro. Aqui
são, de maneira justa, dois pesos e duas medidas e, repito, ainda que tivesse
sido algo realmente sujo, os últimos no mundo a ter autoridade moral pra falar
sequer uma vírgula a respeito disto, seriam os torcedores bicolores. Ouso,
inclusive, afirmar que esta empreitada em massa dos bicolores pra tentar
denegrir a imagem do Clube do Remo não passa de uma tentativa desesperada de
justificar as próprias sujeiras que mancham a história do Paysandu, como quem
sabe que fez algo errado e, ao menor (sim, BEM menor) deslize do outro,
potencializa o erro alheio, como se este fosse, de alguma forma, amenizar os
seus próprios erros.