8.3.10

Oscar 2010

Já faz um tempo que não se via uma festa de Oscar com tantos filmes de verdade concorrendo juntos. Sério, nada contra os últimos ganhadores, afinal de contas filmes como Os Infiltrados (2007) e Sangue Negro (2008) estiveram na disputa, mas o problema foi... como é que filmes como Juno (2007) e Pequena Miss Sunshine (2006) também entraram na disputa? Também não tenho nada contra tais indicados. Até gosto desses filmes. Mas nem de longe estão no nível do Oscar.
O mais legal desse ano foi o número de BONS filmes concorrendo juntos. E foi bem interessante o simbolismo da disputa entre Guerra ao Terror e Avatar. Não, o simbolismo não tem nada a ver com o fato de Kathryn Bigelow ser ex-esposa de James Cameron. Na verdade, foi uma disputa entre um filme milhonário e um filme "alternativo". Enquanto Avatar é um filme essencialmente tecnológico, inovador e com um forte apelo de marketing, Guerra ao Terror, com aproximadamente 490 milhões de dólares a menos de investimento, é bem simples, com um estilo meio "documentário", com aquela "tremida" de câmera quando há uma corrida. Infelizmente, o meu preferido de todos, Bastardos Inglórios, nem foi lembrado.

Por quê Guerra ao Terror e não Avatar
Apesar dos dez anos de trabalho, Avatar decepcionou muito no roteiro. Não que seja absolutamente fraco. Até que o filme passa uma mensagem legal. O ruim é o velho clichê. Avatar me lembra muito O Último Samurai, onde o sujeito vai ao lugar pra subjugar os nativos e acaba gostando da cultura do inimigo e, consequentemente, passando para o lado deles. Mostra os nativos como os bonzinhos e os humanos como os malvadinhos. No fim ele ganha a guerra pelo lado dos bonzinhos e passa a viver com eles. Junto com isso, alguns elementos simbólicos que podemos ver em muitas mitologias e uma oportuna mensagem ecológica e moral. A grande atração é a parte visual. É um filme pra ser visto e não entendido, uma vez que não exige muita interpretação. Já não é mais o tipo de filme preferido da Academia, porém é de um sucesso financeiro absurdamente grande, o que talvez sirva de consolo (e que consolo! aproximadamente 2 BILHÕES de dólares até o presente momento) ao diretor, James Cameron.
Guerra ao Terror é o oposto de Avatar em muitos sentidos. A começar pela dificuldade em arranjar patrocínio (não conseguiram nenhum nos EUA, somente na França). Guerra ao Terror ganhou notoriedade pelo seu sucesso de crítica e os diversos prêmios antes do Oscar. Já havia levado 16 contra míseros 9 de Avatar. Tudo bem, não precisava ser especialista pra saber que Guerra ao Terror levava vantagem sobre Avatar. A grande questão seria...
E Bastardos Inglórios?
"Acho que essa é minha obra-prima". É com esta frase que Quentin Tarantino encerra o filme, como que falando através do Aldo Raine sobre o seu próprio filme. Bastardos Inglórios dispensa comentários para qualquer pessoa que tenha visto o filme. Causa uma sensação incrível quando o filme termina de "UAU! O que foi isso?". Tenho certeza de que foi o grande injustiçado do Oscar.
Primeiro, é um filme de Quentin Tarantino. Na verdade, é "o" filme de Quentin Tarantino. Segundo, é um filme cujo trabalho de TODO o elenco é incrível, a começar pelo Sr. Christoph Waltz, que fala quatro idiomas no filme (se ele não levasse o Oscar seria mais sacanagem ainda). Bastardos Inglórios é o filme do ano, independente de qualquer premiação. Ele é inovador no roteiro, apesar de manter umas características marcantes ao longo da obra de Tarantino. Características essas que ele explora a níveis extremos neste filme especificamente, num ritmo progressivamente frenético. Acontece que nele, Tarantino reescreve a História. E com que belo final ele a reescreve, não? Ele reescreve as coisas de uma forma ideal, de uma forma como tudo deveria ter acontecido.
A minha característica preferida nos filmes do Tarantino é "aquele" diálogo marcante onde ele coloca dois personagens frente a frente e um deles acaba se vendo sem saída, obrigado a se submeter ao poder do outro. Em Bastardos Inglórios  vemos isso desde a primeira cena. O coronel Hans Landa deixa poucas alternativas às pessoas que interroga. É o personagem mais cruel do filme, ao mesmo tempo que é o mais educado, cortez e requintado, o que acentua o seu caráter maligno.
Por fim, temos Brad Pitt em uma atuação bem "caricata", divertida e injustiçada. Não, ele não tinha a menor chance contra Jeff Bridges ou Morgan Freeman, mas sem dúvidas merecia uma indicação para melhor ator. Putz, o que é aquele sotaque? Entre os atores "bonitões" que fazem muitos filmes, certamente Brad Pitt é um dos poucos que merecem respeito e isso não é de hoje.
 O fato é: Quentin Tarantino é o cara!

4 comentários:

  1. Me envergonho de não assistir filmes.
    Por isso não assisto às premiações do Oscar. ;)

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  2. Estou curiosa para assistir Guerra ao Terror, estou curiosa porque pelo titulo parece se tratar de mais um filme de guerra americano com muitas bandeiras americanas na tela, mas não podemos ter pré-conceitos, porisso quero assistir. Bastardos Inglórios é um filme realmente beeeeeem diferente dos outros...a atuaçao do ator q ganhou o oscar é incrível mesmo, mas o Brad Pitt parece q sempre deixa a desejar...acho o Leonardo Dicaprio bem mais injustiçado, o cara tem filmes maravilhosos como os Infiltrados e Diamante de Sangue, entre outros. Mas cinema é assim mesmo, uma discussão eterna!

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  3. Cara, não sabia que tinhas um blog. Gostei muito do texto. Parabéns!

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