5.8.09

Sobre encontros de estudantes

Uma viagem. Longa. Bem longa. É assim, a gente sai de casa e viaja milhares
de quilômetros com meia dúzia de roupas e uma barraca na mochila. Pra quê? Passar uma semana dormindo mal, tomando banho mal, fazendo as necessidades fisiológicas em condições insalubres, comendo pouco, bebendo muito.

Não parece estranho que cerca de 2 mil pessoas saiam do conforto de suas casas em plena época de férias pra passar uma semana vivendo em condições tão precárias? Estranho mesmo. É que pra todas essas pessoas, é a melhor semana do ano. Para alguns, a melhor semana de suas vidas.

Sexo, drogas e rock n' roll. Forró, reggae, pagode e funk também. Funk. É que durante o encontro, qualquer um é capaz de compor uma letra e adaptar pra um funk. Sempre com letras referentes ao curso. As clásicas: "Mão na laje, mão na viga, agora mão no pilar!", "Á, ahá, o enea beagá!", "O Lúcio Costa e o Niemeyer, eles nunca andam só, quando saem pra projetar eles só usam cobogó. Cobogó cobogó cobogó cobogó! Eles só usam cobogó!" "Delíciaaaa! Assim você me mata! Ai se eu te pego... ai ai se eu te pego..." e por aí vai...

Encontros de estudantes constituem um tipo de evento lendário. Especialmente para aqueles que nunca foram e imaginam como seja. É uma expectativa grande que os alunos do ensino médio criam em relação à faculdade. Um horizonte distante para quem almeja a vida universitária. Um prêmio, uma festa. Dizem as más línguas que é uma mera desculpa pra todo mundo fazer as maiores loucuras da vida. Ficar bêbado como nunca, trepar como nunca. Dizem até que se você não faz essas coisas na época da faculdade você não fará pro resto de sua vida. E se você não tem costume de fazer loucuras, com certeza o encontro é o lugar. É o que dizem.

Foi mal, eu não vou confirmar o que dizem. Especialmente porquê, da maneira como a gente ouve falar, parece que encontros são, em essência, uma desculpa pra ficar bêbado (quiçá drogado) e trepar. É, pra muitos participantes a lógica é essa. Mas seria demasiado pequena a definição do encontro apenas sob este ponto de vista. É por isso que eu não vou confirmar o que dizem. 90% dos que dizem algo sobre congressos e encontros nunca foram pra um. Eis um ponto que prefiro deixar pra imaginação de quem nunca foi: em verdade, só quem vai pra um encontro de estudantes pode saber o que é um encontro de estudantes. Todos os adjetivos, ainda que perfeitamente utilizados, são insuficientes pra descrever.

Obviamente, tem muito de loucura. Acontece que aquilo que fica, que cada um guarda das situações pelas quais passa, está muito ligado à visão que a gente tem do mundo e de nós mesmos. Há quem seja tão pequeno que, ao passar por uma floresta, veja tão somente lenha pra sua própria fogueira, desatento aos perigos e às belezas espalhados por todo o caminho.

Eis a melhor definição que eu encontrei, do Blog da Rafa (leiam, é muito bom):

O acre existe. O Amapá é o meio do mundo, não o fim. Rondônia e Roraima são estados diferentes. Amazônia não é um estado, Amazonas sim. Jacarés não andam nas ruas no Pará, e a gente não vai pra faculdade de cipó. O Tocantins é no norte. Nem todo Potiguar faz repente. Nem todos os estados do nordeste se chamam Paraíba. Na Bahia não tem só gente preguiçosa. No ceará não há só seca e sertão. Os alagoanos não andam com peixeiras por onde vão. Em Pernambuco nem todo mundo dança frevo. Sergipe não é interior da Bahia. No maranhão não tem só reggae. No Piauí tem litoral. Não existe Mato grosso do Norte. No Mato grosso do sul, não tem onça na rua. Nem todo brasiliense é corrupto. Em minas gerais não tem só pão de queijo e cachaça, nem todo mundo é roçeiro. Tem todo mundo de Goiás é sertanejo. Você não leva uma bala perdida só de sair na rua no Rio. O Espírito Santo também faz parte do sudeste. Nem todo paulista só usa terno e come fast food. Nem todo gaúcho é gay. Em santa Catarina não tem só gente loira de olho azul. Nem todo paranaense é educado, frio e distante. Pará e Paraná são bem, bem diferentes.
E viva os encontros que desmistificam os rótulos!

E não se esqueçam do Fundoblanco Championship, da fila do almoço e dele... BEREQUETÊ!!!

6 comentários:

  1. É claro que tem muita gente que só vai pra onda. O que eu acho bom de encontros é que tu conheces muita gente com visões completamente diferentes, com cultura e sotaques distintos.
    O Berequetê é que faz a socialização! xD
    homem mulher homem mulher...

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  2. eguaaa concordo com tudo =D
    quer dizer.. quase tudo..
    só discordo de uma coisa: é PEREQUETÊ =P
    hehehehehehe
    e deixa o povo pensar o que quiser.. só quem já foi a um encontro de estudantes pode dizer o que é..
    e quem não foi.. que pena.. deveria ir \o/
    afinal.. o melhor da faculdade são os encontros, em todos os sentidos!

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  3. a maior comunidade do orkut chama-se Berequetê. Não é Merequetê, como EU pensava, nem Perequetê como vcs dizem, e sim Berequetê com "B" que rola, inclusive, nos encontros de design...

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  4. anunciou-se a estréia para 31 de julho mas até agora não chegou aqui rs...é o filme brasileiro premiado em cannes, fiquei curiosa p assistir

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  5. Whatthell pra ti também! Gostei muito. As pessoas adoram fantasiar e idealizar as coisas ao extremo. Mas isso é uma marca "jovem" não? abrs.

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  6. só nós sabemos o que vivemos lá... um aprendizado louco porém eficaz

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